A notícia publicada na Folha de São Paulo em 20 de julho de 2010, abaixo transcrita, comprova a necessidade de união das comunidades contra atos administrativos que violam os interesses do bairro e da cidade.
Pressão de moradores para salvar praça faz prefeitura mudar túnel
Contra destruição de praça para construção de obra na zona oeste, vizinhos fizeram até site. Parque também seria prejudicado, dizem os moradores; secretário foi ao bairro negociar mudanças no projeto .
Rafael Felix, 32, adestra cães na praça Elis Regina; abaixo assinado, site e reuniões impediram a destruição do local.
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
A notícia de que a praça do bairro seria destruída para a construção de um túnel e de uma avenida mobilizou os moradores da Vila Gomes, região do Butantã, zona oeste de São Paulo. A vizinhança fez um abaixo-assinado, já com 3.000 assinaturas, produziu um site e se reuniu com algumas secretarias. Não demorou para que a prefeitura aceitasse mudar o traçado da obra.
O projeto liga as avenidas Eliseu de Almeida e Corifeu de Azevedo Marques. Um túnel cumpriria a primeira etapa, passando sob o parque Previdência, e uma avenida completaria o percurso. Passando por baixo da rodovia Raposo Tavares, o túnel sairia onde fica a praça Elis Regina, que separa um conjunto de prédios de um abrigo de idosos e crianças. O prejuízo, dizem os moradores, começaria no parque, onde parte da mata seria destruída em razão da obra.
Diante dos protestos, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, teve de ir ao bairro para negociar mudanças no projeto. “Se a intervenção urbana não for para melhorar a região, não se justifica. O túnel poderia causar um impacto indesejado”, diz Bucalem, que em agosto volta ao bairro para novas negociações. “O que questionamos não é só o trajeto em si, mas a necessidade de fazê-lo”, diz a geógrafa Patrícia Yamamoto.
A mobilização reuniu 16 associações de bairros do Butantã e levou os moradores a criarem a associação Butantã Pode! para negociar as mudanças e preservar a praça. Para o urbanista Fábio Mariz Gonçalves, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, morador da região, não há fluxo entre as duas avenidas que justifique a construção do túnel. “Uma operação urbana, por definição, tem de propor melhorias para a região. Destruir a praça não traz benefícios aos moradores”, diz.
A prefeitura disse não poder informar nem a extensão nem os custos da obra. A operação urbana da Vila Sônia, que inclui o túnel-avenida, custaria R$ 300 milhões.
Postado dia 20 de julho , 2010